terça-feira, junho 20, 2006

Entrevista ao Silêncio - Sem Palavras...

Esta entrevista foi feita off-record uma vez que o entrevistado não pode ser ouvido oficialmente.

DF – Olá, senhor Silêncio. Desde já agradeço a sua disponibilidade para nos dar esta entrevista…
Silêncio –
Não tem de quê… Eu estou sempre disponível, as pessoas é que muitas das vezes não sabem como me contactar…

DF – Comecemos pelo princípio… Que recordações guarda da sua infância?
Silêncio –
Ora bem, eu nasci muito longe de Portugal… Num planeta muito distante, não pertencente a esta galáxia. Contudo, vim muito cedo para o planeta Terra e instalei-me aqui em Portugal. Durante muitos anos era muito apreciado, especialmente enquanto estava no poder um senhor que já foi referido numa das suas anteriores entrevistas… Como é meu hábito, recuso-me a dizer o seu nome. Vivi muito bem nessa altura, apesar de ser perturbado algumas (muito raras) vezes. Especificamente da minha infância, lembro-me de ver os conselhos do meu pai (não os podia ouvir porque ele não falava, era o Senhor Silêncio Absoluto) e de ler nos lábios de minha mãe as canções de embalar que utilizava para me adormecer (era a Senhora Caluda) . Recordo-me ainda de ver na televisão um filme sobre o meu irmão, “O Silêncio dos Inocentes”.

DF – A partir de uma certa altura na sua vida, o seu papel na sociedade tendeu a diminuir. Encontra alguma razão para que isso tenha acontecido?
Silêncio –
De há umas décadas para cá que noto que tenho sido enviado para segundo plano. As pessoas começaram a poder expressar-se mais livremente, a música começou a utilizar mais instrumentos e sons… Tudo mudou… Hoje em dia, vivemos num tempo muito agitado. Até mesmo o meu primo, o Pensamento, tem sofrido muito com estas alterações. Ninguém pára para pensar! E quando pensam que estão a pensar, fazem-no num ambiente de barulho… Barulho a todos os níveis: social, económico, financeiro…

DF – Há quem o critique pela sua apatia perante os problemas sociais…
Silêncio –
Eu não posso emitir muitas opiniões, uma vez que não fui feito para dar opinião mas sim para pensar sobre o problema. Ando sempre com o meu primo… Reconheço que muitos utilizam o meu perfil para se defenderem… Quando não têm certeza do que pensam, escondem-se atrás da minha “imagem”. Se eu opinasse sobre os problemas sociais, deixaria de existir e de ter credibilidade. Preciso sempre de alguém que me ajude a prevalecer.

DF – Actualmente, que faz?
Silêncio –
Bem, eu ando por aí a passear discretamente. Falo muitas vezes com quem me quer ouvir, contudo não sou bem interpretado por muita gente… O meu horário laboral é nocturno, apesar de, uma vez por outra, trabalhar de dia, por turnos. Mas é muito raro. E até de noite as coisas estão cada vez piores.

DF – Para além da sua actividade, que hobbies tem?
Silêncio –
Desde muito pequenino que tenho uma grande paixão pelo fado. Apesar de não poder cantar, acompanho quem o faz. Sempre que alguém canta o fado, lá estou eu: “Silêncio, que se vai cantar o fado”.

DF – Muita gente fala de si, o que por um lado é positivo; por outro lado, esta fama a que está sujeito afasta-o da sociedade…
Silêncio –
Sim, claro que sim. Eu mesmo, estando a conceder-lhe esta entrevista, estou a quebrar o meu Código Deontológico. Mas espero que não revistem o meu computador à procura de material sonoro… Aliás, poucas vezes utilizo o computador, os meus pertences estão todos arquivados em envelopes noves… Peço desculpa, em envelopes novos.

DF – Quais são as situações mais embaraçosas em que se encontrou até hoje?
Silêncio –
É uma pergunta difícil de responder… Posso dizer que me desloco constantemente a todos os clubes de futebol, passo a vida numa correria muito stressante, especialmente quando há Black-outs… Ultimamente tenho ido mais para o norte. Outro caso bastante mediático em que me encontrei envolvido como arguido foi o caso de abuso de menores na Casa Pia. Muitos são aqueles que me tentam comprar, muitos são os que me querem vender… Posso dizer que sou o principal acusado de o processo ainda não ter andado para a frente…

DF – Com estas suas afirmações, está a quebrar o silêncio?
Silêncio –
Longe de mim prejudicar os meus familiares. Eu concedo-lhe esta entrevista mas espero que fique com o meu avô, no Silêncio dos Deuses. Caso contrário terei eu mesmo que o silenciar. Sabe, eu faço as coisas pela calada…

DF – Tem algum sonho que gostaria de ver concretizado?
Silêncio –
Gostaria muito que as pessoas me ouvissem mais vezes. Sabe, eu sou essencial para fazer com que as pessoas sonhem. Sem o silêncio não há sonhos, mas o pior sonho das pessoas é o maior silêncio do mundo… a Morte! E depois lá vem o meu irmão mais pequenino meter-se convosco: o “Minuto de Silêncio”.

André Pereira

quinta-feira, junho 15, 2006

É nooooooossa!

Portugal venceu ontem à noite o Brasil por três bolas a uma na final do Mundial 2006 conquistando o título de campeão mundial. O jogo foi bastante equilibrado, como seria de esperar, mas a força e determinação dos jogadores portugueses acabou por ser fundamental para chegar à vitória.

Os protagonistas

A Selecção Portuguesa alinhou com Ricardo na baliza, defesa composta por Paulo Ferreira e Caneira nas laterais, Ricardo Carvalho e Fernando Meira no eixo central. No meio campo alinharam Petit e Maniche (mais recuados), Deco mais no miolo com Luís Figo e Cristiano Ronaldo nas laterais ofensivas, dando o seu apoio ao ponta-de-lança Pauleta.
O Brasil alinhou com o seguinto onze: Dida, Cafu, Juan, Lucio e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Ronaldo e Adriano.

HISTÓRIA DO JOGO

O conjunto português não entrou da melhor maneira. A equipa estava muito nervosa e foi com alguma naturalidade que o Brasil chegou ao 1-0, quando estavam decorridos apenas 15 minutos de jogo. Ronaldinho foge mais uma vez pela esquerda, faz uma tabela com Emerson e isola-se frente a Ricardo, que não teve qualquer hipótese de parar o potente e colocado remate
do número 10 brasileiro.

A equipa portuguesa reagiu bem ao golo. De facto, foi o melhor que podia ter acontecido.
Uma excelente combinação entre Deco e Figo culminou num remate deste com Dida a responder através de uma excelente defesa. Dois minutos depois, um livre directo cobrado por Cristiano Ronaldo passou a centímetros do poste da baliza de Dida. Era o melhor período da Selecção Portuguesa.


A segunda parte começou praticamente com o golo do empate. Livre descaído na direita e Fernando Meira a desviar subtilmente a bola ao primeiro poste, batendo Dida pela primeira vez. O Brasil reagiu de imediato com um remate à entrada da área por parte de Adriano que fez a bola bater com estrondo no poste da baliza de Ricardo.

A partir daí o jogo manteve-se repartido, com algum ascendente por parte da equipa canarinha. Ronaldinho e Ricardo mantiveram um duelo onde o guardião português levou sempre a melhor sobre o talentoso avançado brasileiro. A 10 minutos do fim Cristiano Ronaldo teve um lance de génio. Ultrapassando Emerson com uma brilhante finta e batendo Cafu em velocidade desferiu um remate cruzado que só parou no fundo da baliza de Dida. E estava feita a reviravolta no marcador!

O Brasil apostou tudo no ataque. Pouco tempo depois quase empatava, após jogada confusa na área de Portugal, com Lucio a rematar e Ricardo a fazer uma defesa por instinto.

Já em cima do minuto 90 surgiu um canto a favor de Portugal. Ricardo saltou mais alto e agarrou a bola, lançando de imediato Simão Sabrosa (acabado de entrar). Completamente isolado perante o guarda-redes brasileiro, Simão não teve qualquer dificuldade em o contornar, empurrando a bola para o fundo das redes mais uma vez. E a história estava feita, Portugal é campeão mundial!
Quanto a Scolari, o Felipão festejou o seu segundo título mundial. Há quatro anos, pelo Brasil. Desta feita contra o Brasil. Portugal está em festa, o governo já decretou feriado nacional para amanhã. Scolari regressa a Portugal feliz, mas com o coração dividido.
Pedro Santos

quarta-feira, junho 14, 2006

O Cinema


Nascido a 28 de Dezembro de 1895 fruto de uma próspera parceria entre irmãos, o Cinema tornou-se numa palavra comum na boca da humanidade, o seu aparecimento revolucionou o próprio conceito de entretenimento fundindo-o com a cultura e tornando-a assim disponivel a um público mais alargado. Visto como uma benção para uns, um mal da sociedade para outros, não deixa niguém indifrente.

DF: Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer o tempo despendido para esta entrevista. Como workaholic que é não deve ter sido fácil arranjar tempo para nós. Antes de mais, como se sente com 108 anos? Cansado e com vontade de passar o testemunho a outros meios, ou ainda mais motivado para vencer novos e tremendos desafios?
Cinema:
Bem, ao contrário do que possa imaginar não vou envelhecendo, bem pelo contrário. Quanto mais o tempo passa mais revigorado me sinto; longe vão os dias do preto e branco, hoje sou cor e movimento. Com o passar dos anos deixei as baias da realidade, a imaginação é o limite, melhor, a imaginação não tem limites. Claro que me sinto com força para continuar.

DF: Então e o que diz às pessoas que o acusam de já não trazer nada de novo, de apenas se servir de modelos predefinidos e repetitivos para conseguir atenção fácil?
Cinema:
Digo apenas para me prestarem maior atenção pois se dizem isso é porque andam distraídos. É claro que tenho géneros base - drama, acção, terror, comédia -, mas eles também se podem cruzar e dar origem a uma multiplicidade de sub-géneros. Veja-se o caso da trilogia Evil Dead, de Sam Raimi. É um exemplo extremo, mas esse meu colaborador conseguiu criar a comédia de terror. As potencialidades para inovarmos são infinitas.

DF: Tem algum género favorito?
Cinema:
Talvez a comédia, é um género menosprezado mas ao qual dou muito valor. Podem não ser as minhas obras-primas, mas são muito importantes. As pessoas estão fartas do mundo sério em que vivem, precisam de uma boa escapatória; todos sabemos que não há nada melhor do que uma boa gargalhada para nos fazer sentir melhor.

DF: Houve algum período maldito na sua existência, alguma vez pensou que era desta que iria arrumar as bobines?
Cinema:
Orgulho-me de todas as minhas obras, mas de facto, se tenho mesmo que fazer o exercício que me pede, talvez os anos 80 do século passado. Aqueles penteados ainda hoje me deixam com os cabelos em pé! Se queríamos desafiar as leis da gravidade não era pelo cabelo que devíamos começar. E a roupa?! Nunca em toda a minha vida pensei assistir a tamanha parada de mau gosto, desde os chapéus até aos casacos cujos padrões pareciam retirados de cortinados de sala de estar. O maior defeito dos filmes, neste período, não estava nas obras em si mas na moda, especialmente nas comédias para adolescentes.

DF: Pergunta sacramental: qual é a sua obra favorita?
Cinema:
Está à espera que eu lhe responda? Engana-se...

DF: Já supunha isso.
Cinema:
Mas posso nomear algumas obras das quais muito me orgulho. Por exemplo, Metropolis, em parceria com Fritz Lang; Apocalypse Now, do Coppola, ou a trilogia O Padrinho. É uma lista longa, que engrossa todos os anos.

DF: Muito obrigado pelo tempo que nos disponibilizou, obrigado também pelos bons e inesquecíveis momentos que nos vai proporcionando.
Cinema:
Eu é que agradeço. O carinho que têm por mim, pelas fitas que exibo, é o que mais me motiva a continuar. E Coimbra está de parabéns, tanta sala de cinema nova, que luxo. É preciso que as salas encham, que fitas não é só na Queima, meu menino!

José Santiago