sábado, março 24, 2007

Rebanho Guardado

Professora – Bom dia, senhores alunos!
Alunos –
Bom dia, pah! Podes-te sentar, fica à vontade!

Professora – Obrigado… Se não se importarem, hoje vamos falar da actualidade. Comecemos pelo programa “Grandes Portugueses”.
Alunos –
Boa! Viva o Cristiano Ronaldo e a Floribella! E os DZRT! E os excelentes actores dos Morangos com Açúcar!

Professora – Bem, não era exactamente sobre essas pessoas que gostaria de falar…
Alunos –
Não era o quê? (aproximam-se dela com ar ameaçador) Parece que percebeu mal…

Professora – Nada, nada. Eu disse que era exactamente sobre esses enormes portugueses que iremos falar hoje! Mas, já agora, o que acham dos dez portugueses eleitos? Por exemplo, que opinião têm acerca desta “luta” entre o Cunhal e o Salazar?
António –
Eu tenho aqui um punhal! É deste que estamos a falar?

Professora – (assustada) Não!
Álvaro –
António, volta para a tua cadeira, deixa a senhora professora trabalhar…

Professora – Muito bem, menino Álvaro! Um dos senhores caiu exactamente de uma cadeira… Aliás, foi esse senhor que criou o Estado Novo.
Luís –
“Tanto do meu estado me acho incerto / Que, em vivo ardor, tremendo estou de frio / Sem causa, juntamente choro e rio / O mundo todo abarco, e nada aperto.”

João – Só poesia, só poesia! Mas tu és cego ou surdo? Não é desse Estado que a professora estava a falar. Vê lá se queres que divida a tua cabeça como no Tratado de Tordesilhas…

Professora – Meninos, vamos lá a parar com isto! Já que o menino Joãozinho falou no Tratado de Tordesilhas, sabem em que consistiu?
Vasco –
Eu não sei, mas sempre que me falam em Tordesilhas só me apetece comer uma comidinha bem temperada. Nham nham… Há até quem me chame de Vasco da Gamba, tal é o meu gosto pela gastronomia e pelo mar.

Professora – O Tratado de Tordesilhas assegurou para Portugal a posse do Brasil e a manutenção do comércio com a Índia.
Afonso –
Ahhh… Daí ter nascido o Deco, que diz que Portugal é a sua Pátria-Mãe. No meu tempo não era nada assim… Pátria-Mãe?! Pátria tudo bem, agora Mãe… Não me parece…

Professora – Menino Afonso, temos de respeitar a nossa mãe, os nossos pais… Mas, vamos lá organizar isto.
Marquês –
Organizar? Ouvi falar em organizar? Isso é comigo! Vamos lá antes que esta aula se transforme num verdadeiro terramoto!

Aristides – Oh Marquês, tu, de facto, és muito organizado, mas cometeste um erro que eu tive que remediar mais tarde… Mandaste-os embora e eu tive de os salvar.

Professora – Acabem com a discussão, meninos! Com isto, já são horas de acabar a aula. O pior é que está a chover lá fora e não tenho coragem para passar por aquele mar de água…
Henrique –
Professora, não tenha medo! Vamos lá. Eu tenho uma solução. Não podemos ter medo! Como diz ali o Luís, vamos “dar novas escolas à escola”.

Professor – A situação está cada vez pior. Acho que nenhum de vocês merece a melhor nota. Todos são bons alunos mas também têm os vossos defeitos, tal como todos os alunos das outras escolas. Até aqueles que não andam na escola, mas sabem bastante! Dar a melhor nota a um de vocês é uma atitude idiota… Por agora, preciso é de alguém que nos guarde até esta tempestade passar…
Fernando –
Eu posso ajudar. Afinal, uma parte de mim está habituada a guardar rebanhos…

sexta-feira, março 16, 2007

Jornal Monizcipal - "Obrigado Padrinho!"

Boa noite! Eu sou a Sentinela Moura Guedes e este é o Jornal Monizcipal!

Hoje, temos em estúdio o nosso primeiro arguido da semana. Senhoras e senhores, meninas e meninos, dêem as boas-vindas a Valentim Poleiro!

SMG – Senhor major, reconhece esta fotografia?
VP –
Eu não conheço ninguém, não tenho nada que ver com isso! É tudo uma cambada de gatunos!!

SMG – Calma senhor major, é apenas um retrato de um senhor italiano, da Sicília, penso eu… Ele manda-lhe cumprimentos.
VP –
Ah, sim sim… conheço. Obrigado, padrinho!

SMG – Vamos dar início à sessão! Arguido Valentim Poleiro, foi cumprido o seu desejo de ser julgado na Comunicação Social. O que tem a dizer sobre os que o acusam de estar implicado em diversos crimes de corrupção desportiva?
VP –
Espere um pouco, deixe-me ver aqui no meu dossier… Corrupção camarária, corrupção em obras públicas, corrupção internacional, corrupção nacional, corrupção desportiva! Cá está! Sabe, tenho isto bem organizado. Aliás, eu pauto-me pela organização e pela transparência.

SMG – Pela transparência? Mas é acusado de diversos crimes…
VP –
É uma cabala que têm contra mim! Eu sou uma pessoa séria e honesta! E sou transparente por dois motivos: primeiro porque todos sabem daquilo que sou acusado e segundo, estou em muitos locais e falo com muita gente que, passados poucos dias, negam ter falado comigo.

VP – Mas… quem é este agora? Passou aqui numa velocidade… Espera aí, é ladrão! Apanha, apanha!
SMG –
Calma, major. É apenas o Mantorras, o jogador do Benfica. Deve ter lido mal a carta que lhe enviámos… É que ele vem cá amanhã para ser julgado. Parece que andou por aí a conduzir sem carta de condução…

VP – Sinceramente, estes jovens de hoje em dia não respeitam as autoridades competentes… Andamos nós a apertar o cinto para o país ir para a frente e há meia dúzia de gatunos que só colocam o país para baixo. São uns corruptos!
SMG –
E em relação ao Mantorras, o que tem a dizer?

VP – Era sobre ele que estava a falar…
SMG –
Ah pois, peço desculpa, pensei que… Prossigamos!

SMG – Parece que um amigo seu também foi constituído arguido por ter ordenado as agressões ao antigo vereador da Câmara de Gondomar…
VP –
Oh, isso é dor de bexiga! Ops, peço desculpa, é dor de cotovelo! Sou bonito, famoso, apareço na televisão, tenho um filho que canta muito bem… E muitos têm inveja.

SMG – Há quem diga que o seu filho deveria ser BANido do mundo da música. Outros dizem, ainda, que deveria ser banido do mundo desportivo. Mas isso são contas de outro rosário. Por falar em rosário, prefere o rosário das rosas ou o rosário religioso?
VP –
Posso usar o trunfo de 50%? Ora bem… Nunca gostei muito de rosas. Mas agora parece que vem aí uma nova vaga de religião. E parece que vai entrar pela Porta(s) principal. Temos é de manter as janelas bem abertas para circular o ar.

SMG – Algo em que estamos de acordo… Uma última pergunta, há quem diga que o equipamento do Boavista vai deixar de ser axadrezado para ter com umas listas verticais. Confirma?
VP –
O Boavista sempre foi axadrezado, mas reconheço que tenho uma certa “queda” para o novo equipamento… Eu e os seus futuros convidados…

Senhora Moura Guedes, está aqui um senhor com um dos nomes igual ao seu que diz que tem de arquivar este caso.
VP –
Finalmente! Estava a ver que não chegavas, pah! É o primeiro Moura, perdão, Mouro em que se pode confiar…

SMG – Senhor major, senhor major?

sexta-feira, março 09, 2007

OPA morre por falta de assistência

O hipnótico ruído da ambulância é cada vez mais audível. Encostados à porta de entrada, observamos com atenção e incredulidade os movimentos apressados dos homens de branco que saem da carrinha. A maca, muitas vezes vazia, transporta um corpo difícil de identificar. Os 12 meses de viagem foram uma eternidade na curta vida do doente.

Diário de Fictícias – Boa noite, senhor doutor. Qual é a primeira avaliação que faz deste paciente?
Médico –
Para já não posso fazer nenhuma avaliação, uma vez que ainda não entrei ao serviço. Aliás, nem eu nem ninguém. Parece que o hospital se encontra encerrado.

DF – Encerrado? Como assim?
Médico –
Sim, parece que fechou para balanço. Contudo, o equilíbrio não é muito. As portas tiveram que ser trocadas pelas antigas, embora com um new look. Em relação ao paciente, foi sujeito a diversas acções, envolvendo material bélico, essencialmente granadas. Desconfiamos de um senhor perito em actos deste tipo. E, por acaso, tem um apelido que é coincide bastante com o tipo de material utilizado.

DF – O seu corpo encontra-se bastante danificado, presumo…
Médico –
De facto, estou algo debilitado. Estes cigarros matam-me. Espero que não transformem este hospital numa discoteca, caso contrário não poderei cá voltar. Aliás, pouco falta: inúmeras pessoas alteradas física ou psicologicamente, vivendo momentos de euforia e dançando ao som da bela música das ambulâncias. Até tem um consumo mínimo! Só falta mesmo é o segurança a seleccionar os clientes.

DF – Referia-me ao corpo do paciente. Mas o doutor não deveria fumar. Não está a dar um bom exemplo às pessoas.
Médico –
Vou ter de me ausentar. Tenho trabalho a fazer.

DF – Mas o hospital continua fechado…
Médico –
Desculpe, mas o tabaco não provoca apenas as doenças que conhecemos. Há outra que é talvez a mais grave e ninguém trata: a surdez.

DF – Como? Não entendi o que disse…
Médico –
Vê?! Você não fuma (nunca vi um jornal a fumar) e é afectado pelo tabaco da mesma forma que eu. Talvez seja por isso que foi criada esta nova lei.

DF – E o paciente? Ainda há esperança?
Médico –
Sinceramente ainda não temos a certeza. Para já, será enviado para aquele compartimento frio, onde será examinado por vários colegas. Mas, como vivemos num mundo de constantes mudanças, pode ser que amanhã volte ao mundo dos vivos.

sexta-feira, março 02, 2007

Goldiewood

“Luzes, Câmara, Acção!” Esta sequência de palavras está presente na memória colectiva de todo um povo que, ao longo dos anos, se foi dedicando à produção e realização de inúmeros filmes de elevada categoria.

Em semana de Óscares, o Diário de Fictícias não faltou à cerimónia e trouxe até si os verdadeiros vencedores das estatuetas douradas.

Melhor Filme:

“Entre Inimigos” – Um remake de um «thriller» que fez grande sucesso na Madeira e em Portugal Continental. Este filme mistura políticos e palhaços, com elementos infiltrados em ambos os lados. O riso é uma componente primordial neste filme que faz um retrato perfeito da sociedade em que nos inserimos. O duro combate entre Alberto Cardinali e José Cicuta irá, com certeza, prender a atenção dos telespectadores. Porém, o final é certo, um será departed.

Melhor Realizador:

Belmiro de Azevedo – O conceituado empresário português tem conseguido, ao longo dos últimos meses, encabeçar um projecto de elevada envergadura no panorama nacional. O filme, mais conhecido por “OPA”, é o primeiro de uma trilogia. Correm rumores de que a segunda saga terá um nome bastante idêntico, alterando apenas numa letra.

Melhor Actor Principal:

José Mourinho – O treinador do Chelsea recebe, pelo terceiro ano consecutivo, a estatueta que só a ele pertence. Desta vez, o prémio deveu-se à sua brilhante interpretação no filme “O Último Rei de Inglaterra”. Este senhor do futebol reagiu à atribuição do prémio de uma forma bastante calma, realçando apenas as suas “gigantescas qualidades como Rei”. Para o ano, José Mourinho já reservou lugar tendo começado a escrever o discurso de vencedor.

Melhor Actriz Principal:

Esmeralda – O seu excelente papel na película “A Rainha” fez com que recebesse o tão aguardado óscar. O filme mistura imagens de ficção com documentais, para reconstituir o modo desadequado como a família biológica lidou com o desaparecimento de Esmeralda. Com toda a onda de comoção que o acontecimento gerou, em contraponto com o Juiz do caso, que tentará gerir a situação com os seus dotes de profissional hábil.

Melhor Argumento Original:

“Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos” – É uma tragicomédia, realizada por Soares Franco, que conta a história de uma família completamente disfuncional, que atravessa Portugal numa carrinha para concretizar o grande sonho do seu elemento mais novo, Paulo Bento. A criança só pensa em vencer o campeonato nacional de futebol O pai pretende fazer fortuna como uma espécie de guru motivacional. Os restantes membros são meras marionetas cujos fios ainda são muito frágeis.