Diário de Fictícias – Antes de iniciar esta entrevista, gostaria de agradecer a sua disponibilidade em aceitar este nosso convite.
Sr. Papel – Ora essa, eu é que agradeço por, finalmente, alguém me utilizar de forma adequada.
DF – Como assim?
Papel – Hoje em dia tenho encontrado muitos problemas, talvez o mais importante seja a preferência das pessoas pelo meu maior concorrente, o Computador. Por isso fico contente por me utilizar para este seu trabalho.
DF – O Computador ocupa um lugar essencial na nossa sociedade…
Papel – Sim, e, por um lado, eu até concordo porque facilita a vida às pessoas, a muitos níveis. Por exemplo, os documentos podem ser arquivados sem ganhar pó, podem ser guardados num espaço ilimitado… Reconheço a importância do Ciberespaço. Contudo, fico triste ao assistir ao desaparecimento de coisas que já faziam parte da nossa vida… Já não se enviam cartas de amor pelo correio, a compra de livros tem diminuído, os bilhetes trocados entre namorados foram substituídos pelos sms… Muita coisa mudou… Agora tudo o que encontramos no “mundo real” encontramos no “mundo virtual”, e até em maior quantidade.
DF – Isso não traduzirá a inovação tecnológica que varre quase todo o planeta?
Papel – Esse é um tema um pouco ambíguo, uma vez que inovação tecnológica pode não querer significar melhoria da qualidade de vida. Os objectos electrónicos são muito importantes mas também têm as suas desvantagens… Hoje em dia, se um sistema electrónico falhar, pode causar danos a muitas pessoas. As máquinas têm-se apoderado do ser humano.
DF – Segundo estudos recentes, o seu consumo – falo do papel, naturalmente –, nesta “era dos computadores” tem vindo a aumentar, contrariando todas as previsões.
Papel – Sim, no início tudo parecia prejudicial, mas acabou por ter aspectos positivos, uma vez que os próprios computadores fazem com que eu e a minha família sejamos mais utilizados… Eu até tenho uma boa relação com o Computador, mas acho que, por vezes, sou preterido em relação aos ficheiros electrónicos.
DF – O que recorda com mais saudade dos seus tempos de infância?
Papel – Quando eu nasci, há mais de 2000 anos, na China, fui considerado uma descoberta incrível. Lembro-me de ser, nessa altura, muito bem visto e idolatrado por muitos. Tinha um “papel principal”.
DF – Actualmente, reparte o pódio com outras invenções…
Papel – Sim. E isso não me incomoda nada. Sabe, todos temos papéis diferentes… Somos todos necessários à sociedade.
DF – Quais são as áreas da sua preferência?
Papel – Sou muito ligado aos trabalhos manuais, à literatura, ao teatro, ao cinema, à economia... Resumindo, gosto muito de Política! Sou o elemento que passeia mais dentro da Assembleia da República… Ando de um lado para o outro, visito várias secretárias, cadeiras, canetas então!… No fim, o resultado é sempre o mesmo. Todos os projectos que por mim passam, acabam por morrer. Fica tudo no papel.
DF – Como é o seu dia-a-dia?
Papel – Acordo sempre muito cedo para trabalhar. Levanto-me da cama todo amarrotado e com vontade de passar o dia deitado… Aliás, é isso mesmo que acontece. O meu tempo divide-se entre a papelaria onde passo a maior parte do tempo (andando de mão em mão, de impressora em impressora, levando uns agrafes aqui outros ali, uns furinhos, enfim, tudo e mais alguma coisa…) e a Assembleia da República. Muitas das vezes, não sei se é impressão minha, mas fico com um tom de pele diferente… Ou estou muito colorido, ou a preto e branco, ou às riscas, aos quadradinhos…
DF – Acaba por ter uma vida divertida…
Papel – Pode-se dizer que sim; porém, a diversão não é tudo e precisamos de “papel” para viver… Nesse aspecto é que sou um pouco prejudicado. Eu sou muito barato e as pessoas não me sabem aproveitar… Poderia ter uma vida mais longa e tranquila se, depois de me utilizarem, me colocassem no meu devido lugar, num Ecoponto.
DF – Tem algum modelo a seguir?
Papel – Sim, tenho. Sempre gostei do papel de embrulho, porque acaba por ser sempre uma surpresa para todos. Apesar de trabalhar mais na época natalícia, nunca deixou de ser o meu ídolo. Admiro muito, ainda, o Senhor Bill Gates que, apesar de ser dono do “Mundo Informático” é a pessoa que tem mais “papel” no mundo.
DF – Que conselho deixa aos seus utilizadores?
Sr. Papel – Ora essa, eu é que agradeço por, finalmente, alguém me utilizar de forma adequada.
DF – Como assim?
Papel – Hoje em dia tenho encontrado muitos problemas, talvez o mais importante seja a preferência das pessoas pelo meu maior concorrente, o Computador. Por isso fico contente por me utilizar para este seu trabalho.
DF – O Computador ocupa um lugar essencial na nossa sociedade…
Papel – Sim, e, por um lado, eu até concordo porque facilita a vida às pessoas, a muitos níveis. Por exemplo, os documentos podem ser arquivados sem ganhar pó, podem ser guardados num espaço ilimitado… Reconheço a importância do Ciberespaço. Contudo, fico triste ao assistir ao desaparecimento de coisas que já faziam parte da nossa vida… Já não se enviam cartas de amor pelo correio, a compra de livros tem diminuído, os bilhetes trocados entre namorados foram substituídos pelos sms… Muita coisa mudou… Agora tudo o que encontramos no “mundo real” encontramos no “mundo virtual”, e até em maior quantidade.
DF – Isso não traduzirá a inovação tecnológica que varre quase todo o planeta?
Papel – Esse é um tema um pouco ambíguo, uma vez que inovação tecnológica pode não querer significar melhoria da qualidade de vida. Os objectos electrónicos são muito importantes mas também têm as suas desvantagens… Hoje em dia, se um sistema electrónico falhar, pode causar danos a muitas pessoas. As máquinas têm-se apoderado do ser humano.
DF – Segundo estudos recentes, o seu consumo – falo do papel, naturalmente –, nesta “era dos computadores” tem vindo a aumentar, contrariando todas as previsões.
Papel – Sim, no início tudo parecia prejudicial, mas acabou por ter aspectos positivos, uma vez que os próprios computadores fazem com que eu e a minha família sejamos mais utilizados… Eu até tenho uma boa relação com o Computador, mas acho que, por vezes, sou preterido em relação aos ficheiros electrónicos.
DF – O que recorda com mais saudade dos seus tempos de infância?
Papel – Quando eu nasci, há mais de 2000 anos, na China, fui considerado uma descoberta incrível. Lembro-me de ser, nessa altura, muito bem visto e idolatrado por muitos. Tinha um “papel principal”.
DF – Actualmente, reparte o pódio com outras invenções…
Papel – Sim. E isso não me incomoda nada. Sabe, todos temos papéis diferentes… Somos todos necessários à sociedade.
DF – Quais são as áreas da sua preferência?
Papel – Sou muito ligado aos trabalhos manuais, à literatura, ao teatro, ao cinema, à economia... Resumindo, gosto muito de Política! Sou o elemento que passeia mais dentro da Assembleia da República… Ando de um lado para o outro, visito várias secretárias, cadeiras, canetas então!… No fim, o resultado é sempre o mesmo. Todos os projectos que por mim passam, acabam por morrer. Fica tudo no papel.
DF – Como é o seu dia-a-dia?
Papel – Acordo sempre muito cedo para trabalhar. Levanto-me da cama todo amarrotado e com vontade de passar o dia deitado… Aliás, é isso mesmo que acontece. O meu tempo divide-se entre a papelaria onde passo a maior parte do tempo (andando de mão em mão, de impressora em impressora, levando uns agrafes aqui outros ali, uns furinhos, enfim, tudo e mais alguma coisa…) e a Assembleia da República. Muitas das vezes, não sei se é impressão minha, mas fico com um tom de pele diferente… Ou estou muito colorido, ou a preto e branco, ou às riscas, aos quadradinhos…
DF – Acaba por ter uma vida divertida…
Papel – Pode-se dizer que sim; porém, a diversão não é tudo e precisamos de “papel” para viver… Nesse aspecto é que sou um pouco prejudicado. Eu sou muito barato e as pessoas não me sabem aproveitar… Poderia ter uma vida mais longa e tranquila se, depois de me utilizarem, me colocassem no meu devido lugar, num Ecoponto.
DF – Tem algum modelo a seguir?
Papel – Sim, tenho. Sempre gostei do papel de embrulho, porque acaba por ser sempre uma surpresa para todos. Apesar de trabalhar mais na época natalícia, nunca deixou de ser o meu ídolo. Admiro muito, ainda, o Senhor Bill Gates que, apesar de ser dono do “Mundo Informático” é a pessoa que tem mais “papel” no mundo.
DF – Que conselho deixa aos seus utilizadores?
Papel – Todos nós somos e temos um papel na vida. O importante é saber escrever nele.
André Pereira
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