sexta-feira, novembro 24, 2006

Alunos e professores unidos: “Queremos ir para casa estudar!”

São 8h30 da manhã. O dia está escuro e sopra um vento agreste que dá vida aos ramos das árvores e levanta as folhas espalhadas pelos passeios… Contudo, ao contrário do que se possa pensar, a rua está repleta de pessoas que, tremendo tanto como varas verdes, seguram cartazes e gritam palavras de ordem. A campainha toca pela primeira vez mas ninguém parece ouvir. Os portões estão fechados e a chuva bate constantemente nas placas de zinco que abrigam alguns professores.

Pela primeira vez em muitos anos, a escola vê todos os seus professores e alunos no seu recinto e em luta pelos mesmos ideais. É hora de ir para a aula, mas “mais importante que aprender é, seguramente, lutar pelos seus direitos e protestar contra a política vigente”, são estas as palavras de um professor que se manifesta neste dia chuvoso.

Entoando conhecidos gritos de guerra, adaptados à situação em que nos encontramos, professores e alunos unem-se numa só voz e gritam cada vez mais alto, ao verem que estão a ser filmados e entrevistados pelo Diário de Fictícias e outros meios de comunicação.

É neste ambiente de antítese com o tempo que se faz sentir que pedimos a opinião de alguns manifestantes:

“Epa, somos estudantes e não concordamos com as aulas de substituição porque se tivéssemos feriado íamos para casa estudar, pah!”
Estudante

“Eu não sei a razão do protesto mas acho muito bem porque assim não temos aulas.”
Estudante

“Estamos todos unidos contra esta política de discriminação e achamos que a senhora ministra deveria saber o que custa dar aulas das 9h às 16h, ter férias de 2 meses, e escolher o seu próprio horário que mudaria de opinião em relação a nós”
Professor

André Pereira

quinta-feira, novembro 16, 2006

Governo Fictício corta despesas - Proposta de Orçamento 2007

O Diário de Fictícias apresenta, em primeira-mão, a proposta orçamental do Governo Fictício para o ano de 2007. É de fonte segura que confirmamos este plano governamental, passando, desde já a invocar as principais áreas a serem atingidas:

Economia:

A Economia irá crescer de uma forma gradual, especialmente devido às bases em que se irá sustentar. Os passeios irregulares serão substituídos por bancos que, limadas algumas arestas, tornarão a subida mais segura e confortável.

Desporto:


No próximo ano prevê-se um aumento de agentes da polícia nos estádios de futebol. Isto porque Jorge Costa irá fazer parte da equipa técnica do Sporting de Braga e, após ter visto tantas vezes a cor vermelha em forma de cartão irá agora vesti-la. Até aqui tudo normal, não fosse o facto de o antigo jogador do FC Porto gostar muito de a ver na pele dos adversários.

Descendo até à capital, os trabalhadores do metro de Lisboa já puseram mãos à obra com vista a construir um Tonel que ligará Portugal ao Brasil. Esperemos que não seja mais um Canal da Mancha.

O Chefe de Estado já convocou uma reunião com o Presidente do SL Benfica com vista a assinar um pacto de união entre Nações. Se este encontro tiver os efeitos previstos pelo Governo, Portugal será, à semelhança do Benfica, o maior País do Mundo.

Sociedade:

Há uma nova esperança para os desempregados em Portugal. O Governo propõe um plano de migração para a Madeira, a fim de tratar dos jardins e dos pomares do arquipélago. A falta de jardineiros é uma realidade naquela região e as laranjas são cada vez menos nutritivas.

Ambiente:

O Governo aprovou um plano com a intenção de tratar os resíduos tóxicos em Portugal. A fábrica de Souselas foi a escolhida, mas o método será diferente. Uma reunião entre o Ministério do Ambiente e o Chefe dos Lixos Tóxicos fez com que se chegasse a um acordo mútuo: todos os lixos irão fazer greve e prometem não vir para a rua fazer manifestações. Assim, o caso ficará resolvido, pelo menos durante o próximo ano.

André Pereira

Diário de Vendas - 99% de Desconto*

Não se espantem os leitores com o título desta rubrica. O Diário de Fictícias não abandonou o mundo das letras para se dedicar ao comércio de qualquer outro produto. O único diário semanal optou por dar um passo rumo ao desconhecido, dedicando as próximas linhas à divulgação e recomendação de variados produtos que se podem tornar utensílios indispensáveis, tendo em conta a sociedade em que vivemos actualmente.

Graxa – Numa altura em que a aparência é mais importante do que a essência, nada melhor que ter sempre à mão (ou melhor, ao pé) uma pequena caixinha de graxa. Se a utilizar conforme está indicado no rótulo, poderá subir muitos degraus na carreira política. Isto porque os sapatos se tornam mais resistentes, pois claro…

Colete Salva-vidas – O mau tempo vai chegando e, com ele, outras inundações irão causar alguns danos. Mas, para evitar males maiores, nada melhor que ter bem colado ao corpo um colete que, para além de o proteger de outros perigos, impede que se afogue mais em dívidas. Muitos são aqueles que se vestem de gala mas esquecem-se que actualmente vivemos num Titanic moderno: mais tarde ou mais cedo iremos bater com um iceberg que nos chama à realidade e aí, será tarde demais.

Martelo – Qualquer cidadão responsável tem na sua garagem, junto de todas as outras ferramentas, um martelo que é essencial para construir, arranjar ou destruir, conforme a situação. É a ferramenta mais importante de qualquer carpinteiro, uma vez que trabalha com a madeira e, por vezes, é preciso uma boa martelada para ela amolecer. Basta de bichos da madeira!

Cartaz – Hoje em dia, mais importante que saber ensinar ou até mesmo aprender, é ter um cartaz com frases de ordem e insultuosas contra alguma coisa. Pode-se até nem saber do que se trata, mas é essencial ter um!

* Brevemente, será este o número percentual que iremos descontar para a Segurança Social

Entrevista à Lata - Lata Enlatada

Hoje o dia começou mais tarde para a maioria da população estudantil de Coimbra. Já o sol tinha dado lugar à lua quando as capas negras se levantaram para mais uma noite alegre.

O fuso horário já havia mudado, contudo, nestes dias de festa a Torre da Universidade congela os ponteiros, e o badalar dos sinos é substituído pelos ritmos ensurdecedores vindos do outro lado do rio.

Mas para conhecer verdadeiramente o que se passa na outra margem, nada melhor que dar a palavra à personagem principal deste autêntico filme nocturno.

Diário de Fictícias – Boa noite, Senhora Lata!
Lata –
Olha quem ele é… É preciso ter-me para vir falar comigo. Depois do que aconteceu entre nós…

DF – Desculpe, mas não estou a perceber. O que aconteceu?
Lata –
Não se lembra? Já me andou a arrastar pelas ruas de Coimbra…

DF – Sim, mas já lá vai o tempo. Falemos do que interessa. Como se sente nesta altura do ano, em que uma cidade vive para si?
Lata –
Sabe, já estou habituada a este protagonismo. Durante o ano, os estudantes preferem a garrafa e o copo, mas para começar nesta vida nada melhor que ter lata.

DF – Isso é verdade! É preciso coragem para ficar acordado horas e horas a fio durante a noite e no dia seguinte faltar às aulas…
Lata –
Faltar a quê? Eu sou a verdadeira universidade neste início de ano, e olhe que os meus alunos são assíduos e pontuais! Para além de não faltarem, esgotam em segundos as minhas salas de aula.

DF – Alguns clientes do seu espaço dizem que se sentem como sardinhas enlatadas quando assistem às suas aulas…
Lata –
É normal sentirem-se como sardinhas, não é por acaso que nos encontramos junto ao rio…

DF – Mas o Mondego parece não ser apenas uma fonte de sardinhas… Há rumores de alguns tubarões…
Lata –
Sim, confirmo esses boatos. E, como muita gente já reparou, tive de os colocar na entrada do recinto… Podem não ser muito comunicativos e até mesmo violentos para com as pessoas, mas não tinha outra opção. O mais que pude fazer foi convidar o cão do Mickey, um tigre e alguns GNR para ver se conseguem acalmar os ânimos.

DF – Mas no final é habito a festa acabar em xutos e pontapés… Bem, o nosso tempo está a chegar ao fim, mas ainda há uma última questão que lhe gostava de colocar… Qual é a sua ideia em relação ao estado do Ensino em Portugal?
Lata –
Eu acho que o ensino vai muito bem e a crise económica de que tanto se fala não tem tido repercussões na minha actividade. Antes pelo contrário, a cada ano que passa vou ganhando adeptos. Até já pensei em fazer uma OPA à UC.

Fic Notícias - À luz de um orçamento que representa o ensino

Neste período de crise que atravessamos, o Diário de Fictícias decidiu ouvir os lamentos das pessoas sobre aquilo que as preocupa. Guerra, desemprego, preço da gasolina, salários… Foram estes items que colocámos na nossa agenda mas, ao contrário do que esperávamos, saiu-nos tudo ao contrário…

Electricidade:
“Sinto-me no meio de um Guerra, aliás, de uma guerra entre os consumidores e aqueles que me controlam. Sinceramente, espero que o meu valor se amplie, até porque sou muito valiosa para todos! As pessoas, ao nascer, são-me oferecidas, eu sou essencial ao seu crescimento, gostam de ir ao meu estádio, não conseguem ler nem escrever sem a minha ajuda e, até ao morrerem, vêem-me ao fundo do túnel… Seria um ‘choque eléctrico’ se me perdessem.”

Orçamento:
“Muito bom dia, meus senhores! Ainda não estou autorizado oficialmente a falar, só para o ano, mas posso dizer que me sinto muito satisfeito com a dieta rigorosa que estou a programar fazer. Correm boatos que continuarei a abusar dos doces, mas não passa disso mesmo, verdades. Ah, desculpe, quer dizer, boatos!”

Rivoli:
“Gostei muito deste período de férias a que tive direito. Por outro lado, tudo o que foi noticiado dava para uma excelente peça de teatro… É algo a pensar. Sabe (olhando para todos os lados), por agora ainda posso falar consigo em público, mas daqui por uns tempos, se quiser combinar uma entrevista, só em privado.”

Declaração de Bolonha:
“Ainda sou muito novinha para poder criticar mas penso que mais novos são aqueles que me criticam. O desemprego não me aflige, até porque eu tenho dado muito trabalho, especialmente aos estudantes. Mas não há que preocupar, ninguém precisa de ficar com os olhos em bico. Até porque eu nem sei fazer arroz; o meu prato preferido é esparguete… à bolonhesa, pois claro!”